terça-feira, 21 de setembro de 2010

DE REGRESSO – NADA A DECLARAR!


"Não tive tempo de ser mais breve" [Pe. António Vieira, in História do Futuro]

Por não chegarmos a tempo (mérito nosso) desta apostada monomania indígena do diseur elogiativo e ululante do disparate nacional, com que se tornou esta paróquia do sr. Silva, Sócrates & Coelho, Lda, generosamente posta em lume raso pela brigada do costume, pedimos a V. bem-aventurança e candura. Compreendam: "em presença da mulher amada é aconselhável colher nuvens" [Cadavre exquis – como é evidente].

Nada, pois, a declarar! E já não é o nada que nos madura a vidinha (nós para aqui a pensar no futuro), mas tão só a contemplação da ruína a que tudo isto chegou. Mesmo que fatalmente esperada, o espectáculo insolente das carpideiras do regime – como essas endechas postas a correr por inúteis ex-governantes nas Tv's, entre os quais pontifica o pasmoso Silva Lopes – torna tudo de uma soberba inqualificável e sem remédio.

Assistir ao que se vai dizendo da fazenda pública, como se a crise gravíssima com que se deparam as democracias ocidentais não permanecesse ou a subsistir se resolvesse – sempre com a cegueira habitual do correr para a frente que em todos habita por inércia e falta de coragem política -, com o fim do bem-estar económico e social de mais de 60 anos e o correspondente retrocesso e derrocada civilizacional de um século (como todos esse exaltados e intratáveis figurões prescrevem), torna tudo inútil e irretorquível.

Que o roufenho António Costa (do D.E.) discorra sobre a charneca económica, depois de há 5 anos tecer hossanas à governação do sr. Sócrates está conforme o esperado para o pessoal doméstico; que a rincharia do citado Silva Lopes exista e persista, ou que o respigado prof. Cantiga, num turbilhão de emendas, veja a paróquia isolada do mundo e da alma económica global, é absolutamente normal ou não tivessem ambos óculos universitários; que o estremecido rapaz Nogueira Leite, agora iniciado na choça de Passos Coelho, entenda a paisagem económica como a imaginou esse lustre da lusitanidade, de nome Paulo Teixeira Pinto, não é estranho nem perturba a reedição do index liberal – as nulidades atraem-se; que os sobreditos & todos os outros paineleiros e colunistas observem a vulgata do dumping social, em que Portugal, a Europa, as Américas e o mundo livre se devam transformar numa magnificente China, com remunerações de 0,70 euros/hora e o fim do Estado Social que se seguirá, não deixa de ser uma intimidade curiosa, ou não viesse a comovida receita de sujeitos pouco habituados a trabalhar e que sempre viveram à conta dos cidadãos e dos seus impostos.

Como diria Aristóteles: consuetudo est altera natura.

Por isso, não temos nada a declarar! Vossas Excelências não têm nada a declarar?